ARTICLE
TITLE

A institucionalização do “jovem” como sujeito de políticas públicas no Brasil: o CONJUVE em cena (The institutionalization of “youth” as subject of public policies in Brazil: the CONJUVE at scene)

SUMMARY

The objective of this article is to identify some traces of the process of institutionalization of the "youth" as subject of public policies in Brazil. This discussion is based on the analysis of the movements of some political actors of the National Youth Council (CONJUVE) and their contradictions and tensions about the institutionalization of public policies for/of youth, as well as the constitution of a public fund that makes them viable. It is brought research data developed between the years 2012 and 2016, in which we have the collaboration of groups elected for the composition of CONJUVE in the 2012-2013 and 2014-2015 administrations, in addition to having heard other political actors of the Council. These data were collected through semi-structured interviews, participation and observation of activities, as well as document examination. The results indicated that the defense of access to the public fund is found in discursive plan of political actors and there are ambiguities regarding the functions of CONJUVE and even the absence of regimental competences that allow it to make effective propositions, including of budgetary matters. It was observed the coexistence of demands for income redistribution and recognition of their identities, as well as the strong presence of political parties and the student movement in the leadership of political actions and debates, although the discourse is oriented towards the participation of diverse youths.ResumoO objetivo deste artigo é identificar alguns traços do processo de institucionalização do “jovem” como sujeito de políticas públicas no Brasil. Esta discussão se fundamenta na análise das movimentações de alguns atores políticos do Conselho Nacional de Juventude (CONJUVE) e de suas contradições e tensionamentos em torno da institucionalização de políticas públicas para/de juventude, assim como da constituição de um fundo público que as viabilize. São trazidos os dados de uma pesquisa desenvolvida entre os anos de 2012 e 2016, em que contamos com a colaboração de coletivos eleitos para a composição do CONJUVE nas gestões 2012-2013 e 2014-2015, além de terem sido ouvidos outros atores políticos do Conselho. Esses dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, participação e observação de atividades e, ainda, do exame de documentos. Os resultados indicaram que a defesa de acesso ao fundo público encontra-se no plano discursivo dos atores políticos e que há ambiguidades a respeito das funções do CONJUVE e mesmo a ausência de competências regimentais que lhe permitam realizar proposições efetivas, inclusive de matérias orçamentárias. Observou-se a coexistência de demandas por redistribuição de renda e por reconhecimento de suas identidades, como também a forte presença dos partidos políticos e do movimento estudantil na liderança de ações e debates políticos, embora o discurso esteja orientado para a participação de diversas juventudes.ResumenEl objetivo de este artículo es identificar algunos rasgos del proceso de institucionalización del "joven" como sujeto de políticas públicas en Brasil. Esta discusión se fundamenta en el análisis de los movimientos de algunos actores políticos del Consejo Nacional de Juventud (CONJUVE) y de sus contradicciones y tensiones en torno a la institucionalización de políticas públicas para/de juventud, así como de la constitución de un fondo público que las viabilice. Se traen los datos de una investigación desarrollada entre los años 2012 y 2016, en que contamos con la colaboración de colectivos elegidos para la composición del CONJUVE en las gestiones 2012-2013 y 2014-2015, además de haber escuchado a otros actores políticos del Consejo. Estos datos fueron recolectados por medio de entrevistas semiestructuradas, participación y observación de actividades y, aún, del examen de documentos. Los resultados indicaron que la defensa de acceso al fondo público se encuentra en el plano discursivo de los actores políticos y que hay ambigüedades respecto a las funciones del CONJUVE e incluso la ausencia de competencias regimentales que le permitan realizar proposiciones efectivas, incluso de materias presupuestarias. Se observó la coexistencia de demandas por redistribución de renta y por reconocimiento de sus identidades, así como la fuerte presencia de los partidos políticos y del movimiento estudiantil en el liderazgo de acciones y debates políticos, aunque el discurso está orientado a la participación de diversas juventudes.Keywords: Youth public policy, Youth participation, National Youth Council, Youth.Palavras-chave: Políticas públicas de juventude, Participação juvenil, Conselho Nacional de Juventude, Juventudes.Palabras claves: Políticas públicas de la juventud, Participación juvenil, Consejo Nacional de la Juventud, Juventudes.ReferencesABRAMO, Helena. Juventude e integração sul-americana: caracterização de situações-tipo e organizações juvenis. Relatório Nacional Brasil. Rio de Janeiro: Ibase/Pólis, 2007.BOSCHETTI, Ivanete. A insidiosa corrosão dos sistemas de proteção social europeus. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 112, p. 754-803, out./dez. 2012.BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. SECRETARIA NACIONAL DE JUVENTUDE. Guia das políticas públicas de juventude. Brasília: SNJ, 2010.BRASIL. Lei n° 12.852, de 05 de agosto de 2013. Institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12852.htm. Acesso em: 12 ago. 2013.BRASIL. SECRETARIA NACIONAL DE JUVENTUDE. Estação juventude: conceitos fundamentais – ponto de partida para uma reflexão sobre políticas públicas de juventude / organizado por Helena Abramo. Brasília: SNJ, 2014a.BRASIL. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. SECRETARIA-GERAL. COMITÊ INTERMINISTERIAL DA POLÍTICA DE JUVENTUDE. Minuta de decreto de regulamentação do Sistema Nacional de Juventude instituído pelo Título II da Lei 12.852, de 5 de agosto de 2013 (Estatuto da Juventude). Brasília, 2014b.BRENNER, Ana K. Militância de jovens em partidos políticos: um estudo de caso com universitários. 2011, 309 f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.CARRANO, Paulo. Juventude e participação no Brasil: interdições e possibilidades. Democracia Viva, n. 30, Jan./Mar. 2006, p. 2-5.CARRANO, Paulo. A participação social e política de jovens no Brasil: considerações sobre estudos recentes. O Social em Questão, ano XV, n. 27, 2012, p. 83-100.CARVALHO, José M. de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 18. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014.CASTRO, Lúcia R. de. Participação política e juventude: do mal-estar à responsabilização frente ao destino comum. Revista de Sociologia Política, Curitiba, v. 16, n. 30, p. 253-268, Jun. 2008.CLEMENTINO, Josbertini. Reflexões sobre a Política Nacional de Juventude 2003-2010. Brasília: SNJ, 2011.COHN, Amélia. O modelo de proteção social no Brasil: qual o espaço da juventude? In: NOVAES, Regina; VANNUCHI, Paulo. (Orgs.). Juventude e sociedade: trabalho, educação, cultura e participação. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004. p. 160-179.COMITÊ INTERMINISTERIAL DA POLÍTICA DE JUVENTUDE. Resumo Executivo Reunião Extraordinária Coijuv 19/12/2013.DAGNINO, Evelina (Org.). Sociedade civil e espaços públicos no Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 2002.DEMO, Pedro. Participação é conquista. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1996.DONATO, Cassia. Plano Juventude Viva: caminhos da política de prevenção à violência contra a juventude negra no Brasil. Brasília: Secretaria-Geral da Presidência da República, 2014.FEIXA, Carles; PEREIRA, Inês; JURIS, Jeffrey. Global citizenship and the ‘New, New’ social movements: Iberian connections. Young, v. 17(4), p. 421-442, 2009.FERREIRA, Vitor Sérgio. Cenas Juvenis, Políticas de Resistência e Artes de Existência. Trajectos. n. 16, p. 111-120, 2010.FERREIRA, Vitor Sérgio. Um olhar sobre os jovens como sujeitos de políticas e sociologias públicas. In: LARANJEIRA, Denise Helena P.; BARONE, Rosa Elisa M. (Eds.). Juventude e trabalho: desafios no Mundo Contemporâneo, Salvador: Edufba, p. 385-388, 2017.FRASER, Nancy. Da redistribuição ao reconhecimento? Dilemas da justiça numa era “pós-socialista”. Trad. Julio Assis Simões. Cadernos de Campo, São Paulo, n. 14/15, p. 231-239, 2006.FURIATI, Nídia. Juventude e Estado no Brasil: a lógica constitutiva do Conselho Nacional de Juventude no governo Lula. 2010. 356 f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade de Brasília, Brasília, 2010.GOHN, Maria da G. História dos movimentos e lutas sociais: a construção da cidadania dos brasileiros. 3. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2003.GOHN, Maria da G. Teoria dos movimentos sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Edições Loyola, 2004.GOHN, Maria da G. O protagonismo da sociedade civil: movimentos sociais, ONGs e redes solidárias. São Paulo: Cortez, 2005.KEIL, Ivete M. Dos jovens contestadores aos jovens de hoje: uma nova forma de participação na polis? In: BAQUERO, Marcello (Org.). Democracia, juventude e capital social no Brasil. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004. p. 17-48.MISCHE, Ann. De estudantes a cidadãos: redes de jovens e participação política. Revista Brasileira de Educação, n. 5, mai/jun/jul/ago 1997, n. 6 set/out/nov/dez 1997, p. 134-150, edição especial.MONTAÑO, Carlos. Terceiro setor e questão social: crítica ao padrão emergente de intervenção social. São Paulo: Cortez, 2002.MÜXEL, Anne. Jovens dos anos noventa: à procura de uma política sem rótulos. Revista Brasileira de Educação, n. 5, mai/jun/jul/ago 1997, n. 6 set/out/nov/dez 1997, p. 151-166, edição especial.NOGUEIRA, Marco Aurélio. Um Estado para a sociedade civil: temas éticos e políticos da gestão democrática. São Paulo: Cortez, 2004.NOVAES, Regina R. Juventude e Participação Social: apontamentos sobre a reinvenção da política. In: ABRAMO, Helena; FREITAS, Maria; SPOSITO, Marilia. (Org.). Juventude em debate. São Paulo: Cortez, 2000. p. 46-69.OFFE, Claus. Problemas estruturais do Estado capitalista. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.OLIVEIRA, Francisco de. Os direitos do antivalor: a economia política da hegemonia imperfeita. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.PAIS, José Machado. A construção sociológica da juventude: alguns contributos. Análise Social, v. XXV (105-106), p.139-165, 1990.POCHMANN, Marcio. Proteção social na periferia do capitalismo: considerações sobre o Brasil. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 18, n. 2, Jun. 2004, p. 3-16.SCHERER-WARREN, Ilse. Das ações coletivas às redes de movimentos sociais. In: SCHERER-WARREN, Ilse et al. Controle público e democracia. Belo Horizonte: UFMG, 2009.SECRETARIA NACIONAL DE JUVENTUDE. Balanço da Gestão 2011-2014. Brasília: SNJ, 2014.SILVA, Enid; MACEDO, Débora. O Conselho Nacional de Juventude e a participação social dos jovens no ciclo de políticas públicas. In: SILVA, Enid; BOTELHO, Rosana (Orgs.). Dimensões da experiência juvenil brasileira e novos desafios às políticas públicas. Brasília: IPEA, 2016. p. 17- 48.SOUSA, Janice T. P de. Reinvenções da utopia: a militância política de jovens nos anos 90. São Paulo: Hackers Editores, 1999.SPOSITO, Marilia. Trajetórias na constituição de políticas públicas de juventude no Brasil. In: FREITAS, Maria V.; PAPA, Fernanda de C. (Orgs.). Políticas públicas: juventude em pauta. São Paulo: Cortez/Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação, 2003. p. 57-75.SPOSITO, Marilia. Juventude e poder local: um balanço de iniciativas públicas voltadas para jovens em municípios de regiões metropolitanas. Revista Brasileira de Educação, v. 11, n. 32, p. 238-371, maio/ago. 2006.SPOSITO, Marilia. (Coord.). Espaços públicos e tempos juvenis: um estudo de ações do poder público em cidades de regiões metropolitanas brasileiras. São Paulo: Global, 2007.e2559027

 Articles related

Francisca Rejane Bezerra Andrade,Juliane Barros Cruz    

O presente artigo objetiva refletir sobre as percepções dos jovens que cursam o ensino médio integrado ao ensino técnico no Instituto Federal do Ceará (IFCE) – Campus Fortaleza. Para tanto, busca-se realizar uma abordagem sobre a educação ... see more


Alessandra Ferreira dos Santos,Ana Lara Casagrande,Aline Debossan Velozo    

Este artigo objetiva analisar a produção de artigos científicos a partir da perspectiva comunicacional da juventude e que se relaciona, portanto, ao Ensino Médio, verificando em que medida a linguagem se alinha às potencialidades apresentadas pelas Tecno... see more


Rubia Fernanda Quinelatto    

A presente pesquisa focaliza o olhar para a trajetória de vida de 15 adolescentes (14 meninos e 01 menina) em conflito com a lei, que apresentam novas formas de atuação de juventudes marginalizadas, questiona estereótipos que associam ações juvenis à vio... see more


Victor Hugo Nedel Oliveira,Miriam Pires Corrêa de Lacerda,Regina Célia Reyes Novaes    

Regina Novaes é professora visitante da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), no Programa de Pós-Graduação em Educação. Foi professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeir... see more


Jailson Costa da Silva,Divanir Maria de Lima Reis,Marinaide Lima de Queiroz Freitas    

Este trabalho, elaborado a seis mãos, foi construído a partir de resultados de pesquisas vivenciadas por três pesquisadores do campo da Educação de Jovens e Adultos (EJA), objetiva apresentar a juvenilização da educação de [jovens e] adultos, enquanto um... see more