SUMMARY
Considerando a importância do dicionário como valor de referência quando há dúvidas em relação ao sentido ou à escrita de uma palavra, seja em qualquer lugar, para qualquer segmento social ou profissional e independente de faixa etária, preocupamo-nos com tratamento dado ao conceito de ‘família’ nas obras lexicográficas para o público infantil. Tomamos neste artigo, como base, a Lexicografia Pedagógica (ZGUSTA, 1971; SECO, 1987; PONTES, 2000; LANDAU, 2001; KRIEGER, 2007; GARCIA, 2006 e ZAVAGLIA; NADIN, 2019) e a Lexicologia Discursiva (ORLANDI, 2000). Analisamos oito dicionários infantis, de 1989 a 2011, incluindo alguns listados no PNLD Dicionários (BRASIL, 2012). Percebemos que a análise discursiva das definições dos nomes de família, apresentadas pelas obras lexicográficas utilizadas como fonte para esta pesquisa, revela uma visão de mundo que acaba reforçando um modelo de família tradicional, formado pelo núcleo familiar (pai, mãe e filhos biológicos) ou por pessoas que compartilham algum grau de parentesco e que vivem sob o mesmo teto. Dessa forma, os dicionários acabam excluindo outros modelos de família, tais como as homoparentais, monoparentais, adotivas, heteronormativas sem filhos etc.