SUMMARY
O presente trabalho objetiva relatar o desafio de implementação da Dança do Passinho nos materiais de apoio ao Currículo Paulista, no ensino de Educação Física, em escolas da rede estadual em São Paulo. Há preconceito velado, porém bastante atuante, em razão da dança se valer de manifestação rítmica cujas origens são afrodescendente, latina e também ser praticada pelas camadas pobres da população, marcadas pela desigualdade social e marginalização. Como fundamentação teórica, valemo-nos dos estudos antirracistas, feministas e de gênero, com especial foco nas produções advindas do campo de interface da educação e da educação física escolar. A metodologia qualitativa foi responsável pela seleção da produção bibliográfica e pelo percurso analítico dos materiais de apoio, legislação e documentos oficiais existentes. Contudo, apesar das legislações e teorias do Currículo estarem propostas no âmbito do multiculturalismo e da cultura corporal, ainda restam docentes aparentando desconhecer esta prática corporal. Consideramos que há docentes que avaliam negativamente a Dança do Passinho, tornando quem a pratica alvo de preconceitos de gênero e raça. Também há fragilidade na formação – seja a inicial, continuada, em serviço – comprometida com uma aprendizagem baseada em discursos antirracistas e em diálogo sobre as relações de gênero. Embora ocorra tal lacuna e também possível resistência, é inegável a conquista recente da Dança do Passinho nos materiais de apoio ao Currículo Paulista de Educação Física, que corresponde à maior visibilidade e combate às desigualdades, fruto do acúmulo a partir das categorias gênero, raça e geração, advindo dos movimentos sociais e das pesquisas educacionais.