SUMMARY
O objetivo desse trabalho é analisar as formas de apresentação das pessoas que optaram por realizar autobiografias em quadrinhos. Essas formas de percepção e visualização do próprio percurso de vida são distintas para homens e mulheres? Se sim, essas formas são perceptíveis na enunciação quadrinística? Como os autores se posicionam em termos de focos narrativos e perceptivos? Nossa hipótese é de que poderia haver algum tipo de diferenciação, com base em aspectos cognitivos. Nossa análise leva em conta a noção de “pacto de referencialidade”, baseada em Philippe Lejeune. Analisamos cinco títulos do gênero: Fun Home e Você é Minha Mãe? (Alison Bechdel), Persépolis (Marjani Satrapi), O Fotógrafo (Didier Lefèvre, Emmanuel Guibert e Frédéric Lemercier) e Derrotista (episódio “Gênio dos Quadrinhos”, Joe Sacco). Ao final da análise, percebemos a) diferentes formas de apresentação de si e de representação dos elementos diegéticos (cenários, pessoas) e b) diferentes possibilidades de uso dos focos narrativo e perceptivo, o que apontam para o caráter “plástico” da linguagem quadrinística.