SUMMARY
Neste texto busco discutir a imigração haitiana para o Brasil, levando em consideração dois aspectos específicos: (i) a fronteira psíquica e cultural que existe acerca do distanciamento do Haiti em relação a demais países, como por exemplo, o Brasil; e (ii) a fronteira física em relação ao trajeto que os imigrantes haitianos realizam até chegar ao Brasil principalmente pela cidade de Assis Brasil que corresponde a fronteira do Acre com o Peru e a Bolívia. Como metodologia deste texto, utilizo um livro de literatura intitulado “Falhas” da escritora haitiana Yanick Lahens que escreveu sobre experiências vividas pela população haitiana após o terremoto de janeiro de 2010; discuto também a partir de entrevistas realizadas entre os anos de 2016 à 2019 com haitianos que vivem na cidade de Cascavel-PR acerca de: suas histórias de vida, de imigração e de trabalho, buscando sintetizar não apenas a imigração mas o aspecto da emigração. A partir de tais evidências, apresento neste texto que além das fronteiras físicas, as fronteiras estabelecidas no imaginário popular acerca de imigrantes de um país pobre, localizado naquilo que a sociologia do trabalho definiu como “periferia” do capitalismo, possuem fortes implicações em suas vidas, seja no percurso realizado para chegar até o Brasil que destacam as dificuldades como: fome, sede e a busca pela sobrevivência ou também nas experiências de trabalhos extenuantes e precários que se obrigam a realizar para manter não apenas sua própria sobrevivência, mas a de sua família que permaneceu no Haiti e aguarda o dinheiro enviado mensalmente.