SUMMARY
José Saramago e Rubem Fonseca, por intermédio da autorreflexão estético-ideológica expressa na forma romanesca, problematizam o fazer artístico e o método de figurar a realidade no contexto histórico da ascensão da indústria cultural em Portugal e no Brasil, no final do século XX. Assim, o presente artigo realiza uma leitura comparativa dos livros Manual de pintura e caligrafia (1977), de José Saramago, e Bufo & Spallanzani (1985), de Rubem Fonseca, amparada na discussão teórica acerca do autoquestionamento literário. Trata-se de um procedimento narrativo atinente à representação crítica do autor e do ato de escrita, observando nas obras a coexistência de sujeitos reais e fictícios que debatem a função da arte e do artista na sociedade contemporânea.