SUMMARY
Literatura e medicina são duas disciplinas entre a arte e a ciência, e a fecundidade do seu diálogo está bem patente no florescimento da Medicina Narrativa, cerca de três décadas depois do seu aparecimento. Bem presente hoje na investigação, na prática e na formação médica, a MN recolocou a questão do sujeito, central em ética médica, no cerne da relação terapêutica. Face à atual evolução híper-cientifica da medicina e dos cuidados de saúde importa prosseguir a reflexão e interrogar noções como a de segredo, intimamente correlacionado com as categorias da subjetividade e da intimidade. O artigo acompanha essa evolução e as suas configurações modernas em medicina e literatura para estabelecer novas pontes entre uma ética médica preocupada com a perda do colóquio singular e da realidade humana e um discurso literário capaz de ativar recursos operativos através dos quais o segredo se pode converter em elemento fundamental para um encontro intersubjetivo de qualidade.