SUMMARY
O objetivo do presente artigo consiste em investigar o fenômeno do gênero morfológico do substantivo cal, que frequentemente é tomado como pertencente ao feminino pelas gramáticas, ao passo que costuma ser empregado tanto no feminino quanto no masculino pelos falantes de português. Desse modo, uma vez que cal consiste em uma das poucas exceções de palavras terminadas em -l que não são masculinas (SAID ALI, 1923, p. 63), realizamos uma análise diacrônica para verificar as motivações para a oscilação de gênero desse vocábulo. Para isso, consideramos as definições de hesitação e mudança de gênero formuladas por Gouveia (2005) e investigamos a palavra desde a sua correspondente no grego antigo e no latim, nos baseando em autores como Bailly (1950) e Gaffiot (1934), além de verificar como se deu a fixação de gênero desse item lexical em outras línguas românicas, como o espanhol e o galego.