SUMMARY
As obras da escritora inglesa Angela Carter são reconhecidas por diversas características, dentre elas, características feministas, góticas, eróticas e com tendências ao realismo fantástico. Tais obras geralmente são atreladas ao pós-modernismo, apresentando elementos como o pastiche e o simulacro, como é possível observar em The Magic Toyshop, de 1967. Melanie, uma garota de quinze anos que vive confortavelmente na casa dos pais, se vê obrigada a confrontar a dura realidade, o medo e o desconforto quando os pais morrem em um acidente e ela e os irmãos passam a morar com o tio Philip, em sua casa. É nesta casa, na simbólica “loja de brinquedos”, que o tio manipula seus fantoches (assim como as pessoas em sua volta) e a personagem principal do romance luta para sair do sufocante confinamento, em busca de seu próprio espaço. Embora a estrutura da obra tenha como base o conto de fadas, percebe-se que a autora joga com certos preceitos dessa base, tal como a desconstrução da imagem do príncipe encantado, a fim de construir sua crítica ao ambiente patriarcal, como apontam Danielle Roemer e Cristina Bacchilega. Verifica-se, dessa forma, que assim como suas personagens, a autora, através da subversão, buscou seu próprio espaço na Literatura. Considerados estes aspectos, busca-se neste trabalho observar como Carter, ao mesmo tempo em que se utiliza de características consideradas pós-modernas, distancia-se de tal nomenclatura ao se posicionar, antes de tudo, como uma escritora feminista. Para tanto, teve-se como base textos de Aidan Day, Jack Zipes e Linda Hutcheon.