SUMMARY
O artigo inter-relaciona as noções de natureza, cultura e lixo presentes na troca de correspondências entre Vilém Flusser e o engenheiro agrônomo Rodolfo Ricardo Geiser, na época presidente da Sociedade Brasileira de Paisagismo, e destaca a abordagem flusseriana da ecologia como uma ciência arqueológica. Das vinte e seis cartas do período entre 1968 e 1991, destacam-se especialmente aquelas trocadas entre 1982 e 1990. Elas mostram que os três reinos (natureza, cultura e lixo) já estão presentes nas obras anteriores ao período do diálogo, como por exemplo em Natural:mente (FLUSSER, 1979). Conclui-se que as correspondências mantidas com Rodolfo Geiser expressam uma postura radical na construção de um pensamento que amplia o conceito de ecologia como mera ciência da natureza para concebê-la como modelo de ciência arqueológica que trata tanto dos ambientes naturais como os ambientes culturais.