SUMMARY
Neste artigo, propomos investigar um novo viés na ficção curta de Rubem Fonseca por meio da coletânea de contos Pequenas criaturas (2002). Empreendemos analisar o livro no sentido de lê-lo enquanto possibilidade de renovação da obra do escritor ao explorar através de seus personagens o homem comum com suas dores cotidianas e prosaicas, valendo-se das pequenas criaturas anti-heróicas, reduzidas à escala da banalidade, situadas no espaço doméstico e anônimo de uma cidade de hábitos cosmopolitas como o Rio de Janeiro, num cotidiano ordinário, postas em conflitos corriqueiros, banais; e assim, seguindo na contramão da ficção que consagrou o escritor vinculada, sobretudo, ao universo da marginalidade expressa na extrema violência, na libido convulsa, nas situações que exploram o risco, a aventura e tramas policiais. Deixando de repetir o modelo de narrativa que notabilizou o escritor, suas pequenas criaturas, reduzidas na pequenez existencial, tornam-se simbólicas personagens anti-heróicas.