SUMMARY
Neste artigo, queremos discutir o romance Assim na terra como embaixo da terra (2017), de Ana Paula Maia. A obra nos convida a pensar no sistema penal numa aparente situação-limite, em que presos são assassinados pelo administrador de uma Colônia Penal. Acontece que esse cenário não é estranho ao atual Estado brasileiro, tendo em vista o encarceramento em massa e o recrudescimento das políticas de extermínio de certos grupos sociais e étnico-raciais sob o pretexto da contenção da violência. Essas práticas de extermínio podem ser entendidas a partir da necropolítica, um tipo de dinâmica em que o Estado gerencia a morte para a garantia da ordem pública. Essas ideias são confrontadas pelo romance, fazendo-nos questionar se o sistema penal não é uma das instituições que legitimam a necropolítica a fim de silenciar os problemas econômicos e sociais.