SUMMARY
O presente artigo — enquadrado em tradutologia, feminismo filosófico e teoria de gênero — trata da ampla e rápida difusão da influente obra de Simone de Beauvoir na cultura argentina dos anos 50 e 70, com uma projeção para toda América Latina e Espanha, graças ao trabalho de numerosas editoras sedeadas em Buenos Aires, que iniciaram a tarefa de tradução com intelectuais de renome. (CORBÍ SÁEZ, 2010, p. 77). A análise das traduções possibilita levantar aspectos concomitantes à recepção teórico-conceitual e às flutuações de sentido do léxico, por questões das épocas (FOUCAULT, 1992, p. 128-129). Para o desenvolvimento de tais temas, este trabalho apresenta, por um lado, uma revisão dos casos significativos de terminologia e sintaxe em Le deuxième sexe (1949), uma obra fundamental e em vigor no âmbito dos Estudos de Gênero. A esse respeito, selecionaram-se casos com mecanismos discursivos que dão conta tanto da presença do sexo-gênero feminino quanto de sua ofuscação, os quais foram analisados numa abordagem tradutológica, contrastando a obra original em francês com a primeira tradução de Pablo Palant (1954) de O segundo sexo. Por outro lado, oferece um percurso pelas outras obras de Beauvoir, suas traduções e aqueles que realizaram essa tarefa, com uma pesquisa abrangente no apêndice.