SUMMARY
O artigo analisa como as experiências de urbanismo no contexto pós-colonial africano molda as escolhas reprodutivas. Empregando uma abordagem metodológica qualitativa, muitas vezes negligenciadas em estudos de fecundidade em África, a análise efectuada sugere que o desejo ou a crença no benefício socioeconômico de ter uma família pequena são motivações convincentes para reduzir voluntariamente o número de filhos. No entanto, a autonomia das pessoas (agência) e factores institucionais (condicionados pela estrutura social) determinam as oportunidades de escolhas alternativas para alcançar o tamanho de família desejado. Ou seja, o número de oportunidades para agir (sociologicamente) é um determinante das escolhas reprodutivas. A conclusão é que as disparidades na fecundidade intraurbana, um problema que tem merecido pouca atenção em África e em Moçambique em particular, são resultado das diferenças no acesso a oportunidades para efectuar escolhas reprodutivas.