SUMMARY
Nesse artigo pretende-se analisar o relato de duas mulheres negras que se apropriaram da escrita para narrar suas histórias, narrando ao mesmo tempo a história da nação de cada uma delas. As autoras, Maria Carolina de Jesus e Deolinda Rodrigues, a primeira brasileira e a segunda angolana, escrevem suas histórias em diários. Investigamos, literariamente, como, em Quarto de despejo: diário de uma favelada, primeira edição em 1960, Carolina Maria de Jesus apresenta uma escrita de si que é também um relato de luta diária dos pobres, negros e mulheres no Brasil pela existência e subsistência. Na obra de Deolinda Rodrigues, Diário de um exílio sem regresso, acompanhamos o relato da luta pela independência da nação angolana feita por uma mulher negra. Nesse artigo comparativo, pretende-se mostrar os distanciamentos e aproximações das estratégias narrativas destas duas mulheres negras.