SUMMARY
O artigo reconstitui parte da história do exílio republicano espanhol em Cuba, após a guerra-civil no país ibérico (1936-1939). Situa como recorte temático analisar o periódico que consiste na primeira publicação de intelectuais espanhóis no exílio: a revista Nuestra España, criada em outubro de 1939 na cidade de Havana por Alvaro de Albornoz (1874-1954), exilado em Cuba, e fundador em Espanha do Partido Republicano Radical-Socialista em 1929. O texto adota duas ideias-chaves como impulsoras dos argumentos descritivos e explicativos: 1) a noção de "redes", ou "redes intelectuais no exílio", enquanto conceito operativo que define o intercâmbio discursivo e tensional entre textos coletivos, ou como conjunto de relações entre as escrituras, e não propriamente como aquilo que se estabelece enquanto singular performatividade de um autor; 2) uma narrativa inaugural do antifranquismo produzida desde o exílio, hipótese defendida a partir da constatação sobre o vínculo predominante e coesão entre a rede de intelectuais, e que se constitui como núcleo irradiador das interpretações sobre o franquismo. Em outros termos, o antifranquismo se realiza como vasto conjunto de interpretações concebidas em um “lugar” distanciado das mediações culturais de origem, e que passam a refutar não só as mitologias políticas que configuravam o esteio da ditadura franquista, mas também denunciavam a economia de terror implantada em Espanha.