SUMMARY
Este artigo busca promover a compreensão dos historiadores sobre as virtudes epistêmicas na História da Historiografia. Refletindo sobre um estudo de caso do século XIX, o artigo argumenta que as virtudes frequentemente possuíam múltiplas camadas, no sentido de serem carregadas com múltiplos significados. A lealdade (Treue) é um caso em questão: ela era, em certa medida, uma virtude epistêmica, mas simultaneamente também uma virtude política com conotações conservadoras. A lealdade servia como um conceito-chave em uma imagem idealizada que historiadores nacionalistas e estudiosos da literatura mantinham dos antigos germânicos. Além disso, sendo uma virtude cívica, a lealdade estava ligada a códigos sociais que obrigavam os estudantes a serem leais com seus professores – o que poderia levar a atritos se esses professores fossem associados com as visões demasiadamente pronunciadas da disciplina. Nesse sentido, o artigo conclui que a expressão “virtudes epistêmicas” deve ser usada com cautela. O adjetivo denota uma camada epistêmica de significado, que pode ser distinguida, mas jamais separada das camadas de significado sociais, morais e políticas.