SUMMARY
De “Perdoando Deus”, conto anexado à coletânea “Felicidade Clandestina”, partiram as considerações elencadas neste artigo. Propondo uma cartografia das emoções ali enunciadas, buscou-se revelar, junto a fragmentos da trajetória de vida da escritora Clarice Lispector, o tempo social e o espaço nos quais aterrissam as sensações de paz, revolta, medo, tristeza, aceitação exprimidas no texto. Na centralidade da análise, situou-se a metáfora do rato morto no calçadão de Copacabana, no Rio de Janeiro. Tal conto traduz demandas existenciais que ultrapassam a individualidade da escritora, estendendo-se aos sujeitos e à produção do espaço urbano na contemporaneidade. “Perdoando Deus” é, acima de tudo, um chamado à vida intensa, frente a uma existência que abarca também o desorganizado, o inacabado, o devir.