SUMMARY
Dadas as suas características físico-geograficas e sócio-culturais, Moçambique constitui um espaço favorável e atractivo ao consumo pelo turismo, dominado a partir de 1992 por grandes investimentos de capital estrangeiro, sendo a zona costeira de Inhambane (ZCI) uma das áreas preferenciais dentro do contexto geográfico local, nacional e internacional. Todavia, no geral o nível de vida da população do país e da ZCI é muito baixo, possibilitando assim, uma coexistência de duas formas de produção do espaço, uma cuja mediação é dada pelo consumo, associada ao turismo, e a outra relacionada à subsistência, constituída pela comunidade residente. O objectivo desta pesquisa geográfica é analisar o desenvolvimento do turismo na ZCI, evidenciando os conflitos decorrentes do encontro, no território, de formas não apenas distintas, mas contraditórias de uso e apropriação do espaço, ambas expressões do processo conflituoso e contraditório de produção do espaço. É um estudo qualitativo, baseado na revisão bibliográfica e documental e no trabalho de campo. Os resultados do estudo dão indicações da existência de conflitos inter e intrassociais decorrentes da fraca inserção da comunidade anfitriã na actividade e à perda da posse da terra por parte desta, devido a sua ocupação, principalmente por agentes turísticos para a construção infraestruturas e consequentemente a sua privatização para uso exclusivo do turismo.