SUMMARY
Este artigo é resultado de uma pesquisa realizada no terreiro de candomblé Casa de Iemanjá IyáOgun-Té, de nação Jejè/Nagô, e na Unidade de Saúde da Família Osvaldo Brandão Vilela, ambos em um bairro popular, hegemonicamente negro, do município de Maceió-AL. O objetivo foi contribuir com a fundamentação da atuação do terapeuta ocupacional na mediação dos diálogos necessários à implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, com enfoque nos povos de terreiro. Trata-se de um estudo qualitativo, de abordagem etnometodológica, no qual a observação participante, o diário de campo e as entrevistas foram usadas como fonte de registros e produção dos dados. Como técnica de verificação dos dados foi utilizada a análise de conteúdo, a partir da qual emergiram duas categorias temáticas: a relação dos adeptos do candomblé com as questões e espaços de saúde e a percepção dos profissionais de saúde sobre os usuários e a Política de Saúde Integral da População Negra, com enfoque nos povos de terreiro. Os resultados evidenciaram a maior facilidade dos adeptos do candomblé em transitar nos diversos espaços de saúde, elegendo o terreiro enquanto espaço de acolhimento e resolutividade para os processos de equilíbrio em prol da saúde. Por parte dos profissionais de saúde, emergiu o desconhecimento do contexto sociocultural dos usuários e das políticas afirmativas do SUS para Povos de Terreiro. Concluiu-se que tais saberes pouco dialogam, necessitando de mediações para tal.