SUMMARY
Este trabalho tem por objetivo propor uma análise da potencialidade cinematográfica presente no Musical mexicano, uma das narrativas fílmicas criadas pela imaginação cinematográfica de Molina, personagem de O beijo da mulher aranha, de Manuel Puig. A narrativa de Molina se encaixaria nas categorias que aqui denomino como “cinema de palavras” e “cinema imaginário”, um cinema mental cujas bases narrativas presentes na imaginação do personagem ganham poder, espaço e palavra por meio do ato de contar, um ato criativo advindo de um gesto de adaptação. Nesse cinema imaginário, que é um recorte do amplo cinema de palavras criado e contado pelo personagem, ecoa um conjunto de bases hipotextuais que remetem às formas de cultura popular que formam um universo mítico de Molina e, por extensão, de Manuel Puig: as configurações éticas e estéticas do cinema cabaretero mexicano, dos melodramas, das letras de bolero e do kitsch.