SUMMARY
Os estudos de narrativas autobiográficas – ou escritas de si –, como apontam autores como Arfuch, encontraram grande fonte de análise na literatura. O presente artigo procura traçar um panorama geral desses aspectos autobiográficos no cinema, tendo por objeto o filme Amarcord, do diretor italiano Federico Fellini. Aliando elementos de análise fílmica (às considerações de Philippe Lejeune sobre narrativas autobiográficas, verificamos que Amarcord se situa em uma fronteira entre rememoração e criação que, além de apontar para o potencial (res)significador do cinema, mimetiza a natureza coletiva e potencialmente contraditória da realidade. Acreditamos que o filme se utiliza de recursos do romance autobiográfico para tratar de questões como a (re)construção do eu, o anuviamento dos limites entre o ficcional e o real e a impossibilidade de composição totalmente individual dos sujeitos.