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O DUPLO E O INQUIETANTE NO FANTÁSTICO DE GUY DE MAUPASSANT

SUMMARY

Este artigo se organiza em torno de algumas reflexões relacionadas às diferentes maneiras pelas quais o duplo, tema recorrente na literatura fantástica, figura em Guy de Maupassant. Para isso, partiremos de certos pontos teóricos ligados à antropologia (o confronto entre a mentalidade arcaica e a mentalidade positiva, tal como Jean Fabre define) e à psicanálise (a sensação de inquietante abordada por Sigmund Freud). Demonstraremos, além disso, que a própria estrutura das narrativas curtas de base realista do século XIX mantém importantes relações com o duplo, situação particularmente observável nos textos de Maupassant. É esse o ponto de vista proposto por Thierry Ozwald, segundo o qual o termo novela (nouvelle) só pode ser empregado para se referir às narrativas curtas daquele século, em razão do caráter fenomenológico destas: a novela marcaria uma crise da consciência individual, da qual o duplo é um signo. Nesse contexto, as narrativas de Maupassant nos mostram uma realidade instável, ameaçadora, até mesmo apavorante, com sua produção fantástica encarnando o paroxismo desse processo de crise subjetiva.

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