SUMMARY
Este artigo discute memórias de mulheres no referente à experiência da menstruação, percebendo a produção discursiva que organiza práticas do segredo. Trata-se de uma história da construção dos corpos femininos, a partir da análise de narrativas de mulheres de diferentes gerações, no sul do Estado de Santa Catarina. Os corpos são construídos através de processos continuados e permanentes, por investimentos e intervenções cotidianas, e são produzidos por expectativas de gênero. Entendemos que o sujeito não é um simples receptor de normatizações, mas participa ativamente da produção de si. Procuramos compreender como as mulheres, na experiência da menstruação, intervêm em seus próprios corpos para inscrever-lhes suas próprias marcas e códigos identitários para, às vezes, escapar ou confundir normas estabelecidas. Sob a perspectiva da história oral, foram preciosas as fontes da memória neste trabalho, interpretadas à luz das metodologias da História.