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Resenha de Do samba ao funk do Jorjão: ritmos, mitos e ledos enganos no enredo de um samba chamado Brasil, de Spirito Santo (Rio de Janeiro: Escola Sesc de Ensino Médio, 2016)

SUMMARY

A segunda edição, revista e ampliada, do livro de Spirito Santo, Do samba ao funk do Jorjão: ritmos, mitos e ledos enganos no enredo de um samba chamado Brasil, foi lançada pela Escola Sesc de Ensino Médio em agosto de 2016. Através do trabalho de campo e da pesquisa histórica, o autor enlaça, em sete capítulos e um epílogo, diversas linhas evolutivas para tramar a história do samba em perspectiva afro-diaspórica. O “funk do Jorjão” do título remete ao episódio do Carnaval de 1997 em que o mestre de bateria Jorge de Oliveira inseriu uma batida derivada de uma faixa instrumental de electro de Los Angeles em repetições do estribilho do samba-enredo da Unidos do Viradouro. Tal fato ilustra a tese principal do livro: o samba resulta da “hibridização de formas musicais africanas no contexto da diáspora negra nas Américas”. O autor identifica quatro levas sucessivas de escolas de samba: as “escolas matriz” do Estácio e da Mangueira; as “escolas rurais” do Império Serrano e da Portela; as “escolas tijucanas”, dentre as quais o Salgueiro; e as “escolas suburbanas” da Mocidade Independente, da Grande Rio, da Beija-Flor, da Caprichosos de Pilares e da União da Ilha. Em meio a descrições musicais, organológicas, iconográficas e coreográficas informadas pela geografia cultural, Spirito Santo contesta vários mitos — o da hegemonia das culturas yoruba e fon, o da casa de tia Ciata enquanto berço do samba, o da trirracialidade musical — para denunciar o racismo estrutural da historiografia da música brasileira.

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