SUMMARY
Além dos famosos tratados e artigos redigidos pelos compositores-teóricos do século XX (como Schoenberg, Boulez ou Lachenmann), existe uma categoria de escritos de compositores menos familiar e menos conhecida: as autoanálises. Distinguimos estes textos por seu caráter abertamente subjetivo / introspectivo, descritivo e situado no contexto de uma obra ou de um projeto específico. Ao contrário dos textos teóricos que desenvolvem teses gerais (ou generalizáveis), formais, independentes de todos os particularismos das obras, as autoanálises propo~em, em primeiro lugar, relatos ou comentários relativos a` experie^ncia criativa dos compositores. Por meio deste artigo, introduzimos e comentamos um conjunto destes textos no a^mbito de diversos ge^neros e formatos: análise de sua própria música, diário de trabalho, diálogo filosófico. Ao fim, questionamos seu potencial teórico e sua relac¸a~o com o desenvolvimento atual da “pesquisa em arte”.