SUMMARY
Kikia Matcho (1997), obra de ficção de Filinto de Barros [1942-2011], merece uma releitura por vários motivos: a)- porque, em face de sua historicidade, o livro é publicado num momento delicado da vida política nacional guineense; b)- porque a sua existência é também reveladora dentro do cânone da literatura pós-colonial de língua portuguesa; c)- porque ainda o livro, enquanto artefato puramente estético, apresenta características peculiares e d)- porque, fundamentalmente, a obra traz de maneira tensa e contraditória vários modos de representação da cultura guineense. Pensando nisso, vamos, neste artigo, tratar, numa primeira etapa, dos três primeiros elementos, conscientes, entretanto, da brevidade da análise e de que os respectivos assuntos poderiam ser ampliados e desenvolvidos em análises separadas. Mesmo assim, justificamos a presença da primeira etapa em nosso texto como, sobretudo, introdução e contextualização da obra de Filinto de Barros para que, na segunda etapa, momento este em que vamos discutir a questão da representação cultural guineense, não percamos de vista o tempo e a complexidade literária da obra deste autor negro-africano.