SUMMARY
Aristófanes é visto como extremamente conservador, devido ao aparente saudosismo e apologia do passado em suas narrativas. Em oposição à faceta conservadora, ele se descreve na parábase de Nuvens (v.547) como um inovador, sempre introduzindo novas ideias. Ademais, salta aos olhos do leitor a irreverência com que o poeta trata os temas relacionados aos deuses. Essa dualidade identificada na narrativa aristofânica torna difícil compreender o significado do passado, presente e futuro, na obra do comediógrafo, e o lugar que a tradição, a inovação e, sobretudo, a memória ocupam em sua práxis poética. Considera-se, portanto, que o estudo do agón pautado, nas teorias de Vernant, Werner, Kandel, Le Goff e Pollak, será de fundamental importância para assinalar o papel da identidade helênica e da memória coletiva no discurso literário de Aristófanes. Palavras-chave: Aristófanes; discurso; identidade; memória.