SUMMARY
O livro didático de português constitui, historicamente, importante recurso didático-pedagógico, ocupando um lugar expressivo ou até central no espaço escolar brasileiro. Em que pesem os avanços na qualidade do livro didático de português, esse importante material de ensino continua suscetível a constantes apreciações, queixas e questionamentos de diversos atores da cena da educação e da pesquisa científica sobre o ensino de línguas no país. No sentido de ampliar e aprofundar o nosso entendimento sobre o ensino de língua portuguesa a partir do olhar daqueles que se dedicam, ao longo dos anos, ao estudo do livro didático de português (LDP), acompanhando suas transformações e evoluções, propomo-nos, no presente estudo, analisar discursos (re)produzidos por pesquisadores brasileiros que investigam a coleção “Português: linguagens” quanto ao tratamento dado ao ensino de língua materna. Mais especificamente, nos propomos a verificar, nas pesquisas científicas selecionadas, as modificações e permanências nos discursos produzidos pelos pesquisadores sobre o livro didático “Português: linguagens” e ensino de língua materna, considerando a dimensão temporal de tais produções. O trabalho analítico empreendido se fundamenta em pressupostos teóricos dos estudos dialógicos da linguagem e em trabalhos de pesquisadores que discutem ensino de língua portuguesa e o livro didático. A análise qualitativa e interpretativa dos 10 artigos científicos que constituem o corpus do estudo aponta que os discursos de crítica em relação ao livro didático e ao ensino de português são recorrentes, de modo que as refrações depreciativas indicam estagnação e/ou permanência em atividades e abordagens do livro didático e do ensino de português, relevando que esses não têm avançado, ao longo do tempo, tanto quanto se esperava.