SUMMARY
Um homem à procura da alma brasileira e de si mesmo. É a síntese que se faz da vida de Mário de Andrade. Mas esse “si mesmo” quase nunca passa por sexualidade, corporalidade, desejo e prazeres. Não que o poeta/ficcionista tenha se recusado a pensar nisso. Esses temas estão lá o tempo todo.A sexualidade é um elemento fantasmático quese manifestava em diversos momentos, dos burburinhos e das ofensas que incidiam sobresua suposta homossexualidade até no modo como os críticos de sua obra fizeram de sua vida sexual um tabu, inclusive tateando sua poética com receio, sobretudo nos poemas e narrativasque solicitam uma leitura homoerótica. Este artigo se propõe a pensar o Mário de Andrade como um dissidente sexual que inseriu o tema em sua poética, ainda que a fortuna crítica tenha se negado a pensá-lo e lê-lo por essa perspectiva.