SUMMARY
O cultivo do sofrimento como um caminho acolhido para a salvação foi uma constante dentro da Igreja católica, sobretudo para os que professavam a fé de Cristo em terras distantes, como é o caso da Companhia de Jesus. A dor física e espiritual poderia ser suportada, na medida em que os jesuítas se identificassem com Cristo. Fazendo uso de toda a tradição escolástica, isto é, recorrendo à auctoritas bíblica, o padre Antônio Vieira assentou o conceito de martírio numa concepção teológica que procurava justificar a escravidão e elevar o homem à santidade. O artigo pretende mostrar como Vieira consegue articular estas concepções em sua sermonária, com a eloquência de seu raciocínio católico-cristão e a engenhosidade do seu discurso, sem deixar de ter em vista os objetivos e o ideário missionário e universalizante da Companhia de Jesus.