SUMMARY
A aplicação das teorias de transição sociotécnica às práticas dos Sistemas Agroalimentares Alternativos (SAA) tem permitindo aprofundar o entendimento dos processos de inovação desencadeados pela rede de atores durante a transição agroecológica. Contudo estes modelos frequentemente reduzem a escala e o território a repositórios estáticos de ativos e passivos que determinam a escala do nicho agroecológico em relação ao regime alimentar corporativo dominante. Na tentativa de superar a leitura dual e de captar a multidimensionalidade da inovação implícita nos processos de transição agroecológica apresentamos um modelo analítico formulado a partir da articulação conceitual de elementos constitutivos da teoria das configurações territoriais, da construção social de mercados agroecológicos, da governança reflexiva e da escala como ação social estratégica. Aplicamos este modelo à análise das transições agroecológicas em curso em dois municípios do Vale do Paraíba e do Litoral Norte de São Paulo. Evidenciamos que as inovações tecnológicas e a geração de novos conhecimentos no processo de transição são tributárias das habilidades sociais dos atores envolvidos na construção de coalizões sociais amplas e de arenas reflexivas de governança capazes de traduzir os novos conhecimentos socio-técnicos disponíveis em práticas concretas, abrindo assim os espaços de manobra da transição agroecológica com inclusão produtiva da agricultura familiar.