SUMMARY
O presente artigo trata da história e da epistemologia da Geografia - apesar da interdisciplinaridade inerente ao seu conteúdo -, mais especificamente do significado do saber empírico ao longo do tempo para o conhecimento geográfico. Para tanto, estruturamos o texto em três momentos, que são comparados e enredados. O primeiro abrange o período medieval e sua predileção pelo elemento textual e apologético, embasados em premissas basilares do cristianismo. Aqui, ao elemento empírico são sobrepostos conteúdos textuais de diferentes épocas, objetivando equiparar a grafia do mundo a elementos religiosos. O segundo momento refere-se ao período conhecido como Grandes Navegações. Nele, novas gentes e terras são desveladas pela Europa – principalmente por espanhóis e portugueses - que, pelas evidências empíricas das novas paragens, viu-se obrigada a pôr em questionamento algumas verdades da tradição medieval fortemente presentes nos séculos XV e XVI. Por fim trataremos da viagem de Alexander von Humboldt à América Espanhola (1769-1859). Aqui, o sábio prussiano vai (re) significar o empírico mediante uma complexa simbiose entre procedimentos científicos convencionais, elementos do Romantismo Alemão, bem como do aporte pretensamente científico de Johann Wolgang von Goethe (1749-1832). Cabe mencionar que o artigo tem como premissa basilar a relação intrínseca entre o tipo de relevância dado ao empírico e a conjuntura histórica em que tal relevância ganha contornos próprios.