SUMMARY
O poema I.20 de Propércio é frequentemente apontado pelos críticos como uma composição complexa, ou mesmo obscura. Nessa elegia de 52 versos, Propércio, lidando com matéria pederástica, alude ao episódio do rapto de Hilas, e traça um paralelo entre o famoso mito e a atual situação vivenciada por Galo no plano amoroso. Ao fazer isso, Propércio recorre a diversos elementos típicos de um locus amoenus, de modo a descrever o lugar onde os eventos narrados transcorrem. Na verdade, uma análise atenta mostra como essa tópica também recebe um tratamento metapóetico, na medida em que certos vocábulos e imagens a ela associados parecem remeter diretamente ao gênero elegíaco. O presente artigo consistirá numa breve apresentação do mencionado poema, enfocando particularmente o motivo do cenário aprazível, em sua relação com a elegia e com outros gêneros poéticos.