SUMMARY
Este artigo apresenta um breve recorte do panorama econômico, social e político em que figura a produção da chamada teoria da sustentabilidade. Desde o século XX os modelos organizacionais de gerenciamento produtivo e da força de trabalho reverberam as condições de reprodução da sociabilidade capitalista, delineando os aspectos do controle social necessário para a exploração de todos os potenciais da força de trabalho e da natureza para sua manutenção. A teoria da sustentabilidade representa a teoria organizacional que marca o século XXI, como uma nova tentativa de reestruturação produtiva do capital em busca de novas fontes de acumulação. A produção social do capital precisa se reinventar permanentemente criando novas formas de concepção e gerenciamento do trabalho, que por sua vez forneçam novos parâmetros de mediação para a formação da consciência e reificação da subjetividade social, necessários para a reformulação e extensão dos limites da base material-orgânica que suporta a reprodução deste modo de sociabilidade. Articulado sobre três pilares – o desenvolvimento sustentável, a governança corporativa e o desenvolvimento sustentável – o modelo da sustentabilidade não tem a finalidade desafiar a lógica da sociabilidade capitalista, preservando-a sobre novas formas. A hegemonia da classe burguesa permanece vital para a condução do processo de reestruturação produtiva e para a consolidação da ideologia sustentável, cuja função social é “humanizar” a sociabilidade capitalista. O objetivo geral deste artigo é caracterizar a teoria da sustentabilidade como mais uma das formas de ideologia capitalista em sentido lukasciano, enquanto especificamente busca apontar as conexões desta ideologia com o processo de formação da consciência a fim de demonstrar a reificação da subjetividade social como consequência deste processo.