SUMMARY
O artigo que aqui se apresenta é um recorte de nossa tese de doutorado, em que analisamos discursivamente a construção do lugar que ocupa o guarani no Paraguai, como língua oficial na atualidade. Para tanto, filiamo-nos às pesquisas desenvolvidas no âmbito da História das Ideias Linguísticas (AUROUX, 1998, 2009 [1992], 2010 [1994]; ORLANDI, 1983, 1988, 2008 [1990]), em seu entrelaçamento com a Análise do Discurso de linha francesa (PÊCHEUX, 1988 [1975], 1990 [1969]; 2010 [1994]), para construir nossa reflexão e avançar nos estudos referentes ao tema. Objetivando compreender os sentidos produzidos acerca do imaginário de bilinguismo, analisamos as ações da Secretaria de Políticas Linguísticas, a partir da descrição de três projetos, dentre os quais selecionamos o intitulado Rohayhu Che Ñe’?: una semana en lengua guaraní. Observamos o funcionamento dos discursos sobre o guarani no espaço de enunciação (GUIMARÃES, 2005) paraguaio e, também, no latino-americano, por sua incorporação como língua oficial de trabalho do Mercosul. Pela análise empreendida, foi possível verificar como a memória (PÊCHEUX, 2007) sobre as línguas se inscreve na produção de políticas de línguas sobre o bilinguismo, pela promoção de um bilinguismo imaginário. No jogo das relações de forças travadas no embate entre as línguas, nas textualidades analisadas, materializam-se os efeitos de sentidos produzidos ideológica e historicamente, em um processo que segue promovendo a língua.---http://dx.doi.org/10.12957/matraga.2016.21231