SUMMARY
Makoni e Pennycook (2007) advogam por (des)invenções no âmbito do ensino de línguas e demais componentes dos estudos da linguagem. Nessa esteira, fundamentamos na ideia de que as invenções são construções sociais e que apenas se consolidam por meio de crenças e verdades (com)partilhadas. Assim, traçamos, neste artigo, uma discussão sobre como certas invenções, especificamente aquelas ligadas à colonização linguística e cultural, ainda reverberam por meio de colonialidades que condicionam nosso modo de agir e conceber o mundo e nós mesmos/as. De modo particular, elegemos a interculturalidade como uma invenção recorrente no campo da educação linguística e buscamos propiciar o exercício da suspeita (MONTE MÓR, 2017) acerca de como a noção de interculturalidade tem sido inventada nesse campo e quais poderiam ser vias alternativas de sua (des)invenção. Nesse exercício, notamos indícios de um viés de interculturalidade funcional (WALSH, 2009) em dois documentos oficiais que têm orientado ações no campo em foco. No entanto, as discussões tecidas nos fazem entender que, sem uma perspectiva crítica, o ensino intercultural de línguas apenas dará prosseguimento aos interesses modernos/coloniais. Nesse sentido, apostamos na interculturalidade crítica como alternativa de (des)invenção no campo de educação linguística, advinda de bases epistemológicas suleadas.