SUMMARY
A Ecopolítica pode ser compreendida como um novo campo de produção de poder/saber relacionado a tecnologias de governo do planeta que incidem nas relações entre capitalismo e ambiente e entre democracia e gestão do planeta. Uma das dimensões que participam da Ecopolítica é a afirmação, expansão e consolidação dos direitos dos animais como fundamento da coexistência ética das espécies, sobretudo através da problematização da fronteira entre humanidade/animalidade. Paralelamente ao desenvolvimento da Ecopolítica, também se destaca a contínua inserção do Estado de Exceção como forma contemporânea de governo, limiar de indistinção entre direito e violência sob a qual qualquer cidadão pode ser elevado à categoria de homo sacer (Agamben, 2002). Essas são as duas dimensões que constituem a obra distópica Cadáver Exquisito (2018) da escritora argentina contemporânea Agustina Bazterrica. Neste artigo, pretendemos analisar como se figuram no romance da autora: a) a legitimação do estado de exceção; e b) a fronteira humanidade/animalidade e as dimensões da ecopolítica que estruturam o romance. Para tal fim, utilizamos como aportes teóricos Giorgio Agamben, Peter Sloterdijk, Michel Foucault, Gabriel Giorgi entre outros.