SUMMARY
O estudo buscou compreender práticas de acolhimento de pacientes em uma clínica de ensino odontológico. Trata-se de um estudo de caso único e holístico, com abordagem qualitativa. Foram realizadas entrevistas abertas com 20 pacientes, guiadas por um roteiro com temas problematizadores que procuram ligar princípios bioéticos a dispositivos subjetivos do cuidado: conceito ampliado de saúde e doença, intersubjetividade, corresponsabilidade e qualidade de vida. As práticas discursivas analisadas mostraram que o vínculo entre estudantes e pacientes da clínica de ensino se estabelece em uma construção mediada pelo longo tempo da formação. A corresponsabilidade está relacionada às construções intersubjetivas no cuidado e tem como atores do processo os estudantes e os pacientes. Ao afirmarem sentirem-se livres para opinar sobre seus tratamento também expressam uma postura de reduzida autonomia, pois consideram que não seja necessário fazê-lo. Como reflexo da fragmentação do cuidado nas clínicas de ensino, muitos silenciamentos emergem destas relações de poder e cuidado. Acredita-se que é clara a importância de práticas que se desvinculem de funções estritamente técnicas e invistam nos processos de fala e escuta, incansavelmente buscando empatia e vínculo como as tecnologias de saúde mais potentes para o tratamento, pois reafirmam a autonomia das pessoas na construção de seus itinerários de cuidado e a dignidade humana como valor central da prática de saúde.