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Da guerra de Troia à Guerra do ParaguaiReminiscências clássicas em Iaiá Garcia, de Machado de Assis

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Em sua vasta produção ficcional, Machado de Assis recorrentemente se volta para a cultura greco-romana para o estabelecimento de diálogos (BAKHTIN, 2002), como tem apontado a crítica contemporânea (REGO, 1989; BRANDÃO, 2001; MARTINS, 2015, 2016, 2018; TEIXEIRA; MARTINS, 2017). Partindo da ideia de que os mitos greco-romanos constituem um importante repertório comum de narrativas para a construção dos valores simbólicos e materiais do mundo ocidental, neste trabalho buscamos demonstrar de que forma os temas clássicos são citados e reconfigurados pela pena machadiana em Iaiá Garcia. Para tal, orientamo-nos pelo conceito de clássico como um ponto de referência para o entrecruzamento de novas escrituras (BARBOSA; BRANDÃO; TREVIZAM, 2009), bem como pela definição de mito como narrativa tradicional (BURKERT, 1991). Como resultados, foram encontrados mitemas que se referem a poetas (Homero, Virgílio), à tragédia (Prometeu), à história (Lúculo), à filosofia (Diógenes), além de elementos da mitologia greco-romana (Vênus e as náiades). Na análise, defendemos que Machado seleciona precisamente essas citações porque deseja realizar uma leitura crítica sobre as relações sociais de seu tempo a partir do esgotamento das fórmulas românticas, salientando a determinação e a dinâmica das personagens femininas em contraposição ao estereótipo de uma figura feminina frágil e subalterna no Brasil do século XIX.

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Revista: Humanitas