SUMMARY
A exclusão do sujeito e o treino de estruturas linguísticas continuam, em geral, marcando o ensino da língua portuguesa desde o período de alfabetização. O debate sobre o trabalho com a linguagem na escola, discutido de modo alvissareiro desde a década de 1980, ainda não se generaliza pelas salas de aula brasileiras. No final do século XX e início do XXI, as duplas de categorias teórico-metodológicas técnico/ social e fônico/discursivo ocupam espaço significativo no debate. O objetivo deste artigo é contribuir para compreender e aprofundar este debate sobre aspectos do trabalho educativo na área de alfabetização. Discutimos, com base em resultados de pesquisa e na experiência de acompanhamento de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental, contextualizados na teoria da enunciação de Bakhtin, alguns princípios para ações de pesquisa e de prática pedagógica, voltadas para o estudo da linguagem verbal. A alfabetização com base em textos se fortalece com a possibilidade de os alunos mergulharem nos sentidos dos textos que leem e inventarem novos sentidos para os textos que escrevem. Os princípios se organizam na perspectiva discursiva para o trabalho alfabetizador, fazendo-se um contraponto a propostas de trabalho que priorizam a abordagem fônica do sistema alfabético de escrita, tomando como referência o conceito de consciência fonológica.