SUMMARY
O artigo tem como objetivo analisar as críticas realizadas a partir das agremiações carnavalescas do Rio de Janeiro à gestão municipal de Marcelo Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. São repercussões sob a forma de discurso não-verbal (alegorias, fantasias, desenhos, peças promocionais, ícones civis) que demonstram a insatisfação com a relação entre o prefeito e a cultura pública da cidade, que possui como marcos importantes o ritual de entrega das chaves da urbe ao Rei Momo e a apresentação das escolas de samba na Marquês de Sapucaí. As manifestações visuais retomam a memória crítica dos próprios desfiles e combinam gestos discursivos próprios da linguagem carnavalesca (a inversão, o grotesco, a ênfase no baixo corporal) com repertórios da gramática da religião pública, de forma a constituir o carnaval como arena para disputas em torno da definição do religioso.