SUMMARY
Este artigo analisa o protesto dos mocambeiros (quilombolas) de Pacoval (Alenquer, Pará) com base em três elementos. Primeiro, os vÃnculos entre a reivindicação dos direitos de cidadania e as suas experiências ambientais. Segundo, as redes de patronagem econômica e polÃtica construidas já antes da abolição, e que lhes permitiram atingir uma influência institucional precária, mas real. Por último, nos seus encontros com as autoridades republicanas, os mocambeiros também se apresentavam como “bons brasileirosâ€, uma afirmação nativista que os alinhava com o programa polÃtico de outras camadas sociais no periodo. Esta ideologÃa, que reunia elementos tradicionais do campesinato negro da Amazônia com estrategias modernas de mobilização polÃtica, antecipou a agenda de reformas sociais, económicas e polÃticas implementadas no Pará durante o primeiro governo de Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, o interventor federal escolhido por Getúlio Vargas para aplicar o seu programa na Amazônia (1930-1935). Eventualmente, a debilidade e brevidade dessa administração foi insuficiente para implementar mudanças substanciais nas prioridades que tinham guiado os governos anteriores republicanos paraenses.