SUMMARY
O artigo discute a intertextualidade entre o filme Vilarinho das Furnas (1971), de António Campos e a obra de Jorge Dias, Vilarinho da Furna, uma aldeia comunitária (1948) ou, de uma forma mais geral, a relação entre a antropologia e o cinema ou o etnográfico e as criações artísticas cinematográficas e literárias, mapeando algumas questões que me foram despertando atenção para outras eventuais pesquisas, publicações ou debates. Vilarinho da Furna teria desaparecido do mapa e da memória se um Etnólogo, um Cineasta e um Escritor não criassem um imaginário para além da realidade de uma comunidade apertada entre a dureza agreste da serra e a estreita faixa de terra cultivada numa “das aldeias onde mais perfeito se conserva[va] um sistema de organização comunitário outrora muito espalhado pela Europa e hoje em vias de desaparecimento”.