SUMMARY
Este artigo analisa o caso do Museu Nacional do Rio de Janeiro, destruído por um incêndio em 2018, para o qual um projeto de parceria com a Google possibilitou a criação de uma visita virtual online na plataforma Google Arts and Culture. Em primeiro lugar, o artigo propõe pensar a digitalização do museu como media situado enquanto processo de remediação. Em segundo lugar, este texto questiona criticamente a viabilidade de plataformas digitais privadas como a Google Arts and Culture como sistema de remediação de um património comum. Oferece-se uma crítica à reconstituição virtual, problematizando o solucionismo tecnológico e a economia política das plataformas digitais, em particular quando aplicadas à resolução dos problemas de preservação e divulgação do património cultural. Conclui-se que esta adaptação constitui uma remediação limitada, porquanto acentua a centralidade da plataforma em detrimento da experiência do museu, e se circunscreve à apresentação da imagem do museu, sem permitir a leitura creativa e reinterpretativa que carateriza o media-museu.