SUMMARY
Este artigo busca pensar as configurações da ideia de prosa no âmbito temático (presença do quotidiano e de elementos banais) e formal (linguagem simples, prosaica e narrativa, com termos e expressões do dia a dia) na obra poética de Fernando Assis Pacheco (1937-1995) e Manuel de Freitas (1972 — ). Atentando-nos especialmente para como cada um expressa sua relação com a poesia e seu entendimento dela por meio do discurso poético e, no caso de Manuel de Freitas, também do crítico, intenta-se salientar como essas obras, ainda que distantes temporalmente — já que Freitas só começa a publicar nos anos 2000 —, compartilham uma noção não-aurática de poesia, por vezes escrevendo, como diria outro poeta, “ao nível das priscas/dos outros” e declarando categoricamente para que “Peçam a grandiloquência a outros/ acho-a pulha no estado actual da economia” ou, ainda, que “Onde se lê poesia deve ler-se nada” , declarando a impotência do próprio gesto de escrita poética.