SUMMARY
O presente texto analisa o processo de expansão do capital extrativista na África e as contradições deste processo. Argumenta que a corrida por terras na África e por recursos naturais está a ocasionar a concentração de terras nas mãos do capital corporativo global. Como resultado deste processo, nota-se a expropriação e expulsão dos povos nativos das suas terras. Por traz do discurso desenvolvimentista e produtivista usado pelo capital corporativo no âmbito da sua territorialização na África, esconde as suas raízes coloniais. Critica a passividade das elites africanas perante a violência que os seus povos têm sofrido em seus próprios territórios em nome do progresso. Constata que a atual onda de recolonização da África pelo capitalismo global, em parte, é produto das ações das elites africanas e dos processos de governação desencadeados por elas. As disparidades das datas referentes aos períodos de proclamação das independências africanas, não significaram a quebra das amarras coloniais. Não significou, nem para um, nem para outro país africano, a ruptura definitiva com as práticas coloniais. Os povos africanos continuam a sofrer opressão em seus territórios e na maioria das vezes, as suas terras são concessionadas e entregues ao capital corporativo sem a sua autodeterminação. Mesmo diante de situações adversas a sua reprodução social, unidos pela causa da liberdade e autonomia, os povos africanos têm contestado a onda de saque da terra e dos recursos naturais e tal cenário, é notório em Moçambique.