SUMMARY
A emergência de mais estudos críticos em Administração sobre os pressupostos que regem a tradição moderna, conduziu o campo dos Estudos Organizacionais – EOs a repensar as organizações a partir de abordagens teóricas alternativas voltadas à ampliação das suas principais reflexões. Todo esse esforço contribuiu para que a teoria organizacional ganhasse uma nova roupagem, principalmente, a partir dos Estudos Baseados em Prática – EBP (Practice-Based Studies – PBS), os quais, desde o movimento da ‘virada para a prática’ (practice turn), têm inclinado a teoria organizacional a uma lente de natureza social. Todavia, mesmo com todos os avanços, o campo ainda tem deixado em aberto possíveis lacunas que, de alguma maneira, merecem ser consideradas, tal como a questão da moral nas relações sociais de aprendizagem na prática. Com isso, propõe-se, nesta pesquisa, desvelar a moral como um elemento do saber prático, de maneira a ampliar os estudos sobre Aprendizagem Organizacional – AO. Para isso, foi tomado como principal eixo teórico a filosofia comunitarista de Alasdair MacIntyre por entender que ela realiza uma profunda análise crítica em torno da moralidade moderna, denunciando a abstração de uma sociedade racional e individualista, ao passo em que procura apresentar uma consciência moral comunitária emergida de valores que são transmitidos e aprendidos pela via prática ao longo das gerações. Os principais achados desta pesquisa apontaram que a moral nas relações de aprendizagem da comunidade artesanal do Alto do Moura implica em um saber prático de natureza social constituída por bens internos, isto é, de elementos morais pautados no respeito, na confiança no diálogo, na historicidade e na habilidade que se fazem presentes entre os seus membros participantes.