Home  /  Sociologias  /  Vol: 23 Núm: n.56 Par: 0 (2021)  /  Article
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TITLE

Crise, crítica e reflexividade: problemas conceituais e teóricos na produção de diagnósticos de época / Crisis, critique and reflexivity: conceptual and theoretical problems in diagnoses of times

SUMMARY

Há na bibliografia recente de sociologia e ciências sociais um interesse renovado no conceito de crise, como parte dos esforços para compreensão de tendências de desenvolvimento que se desdobram no tempo, usualmente associadas à produção de “diagnósticos de época”. Há, entretanto, ainda pouco esclarecimento sobre o sentido que o conceito assume na teoria social, permanecendo incerta sua relação com problemas funcionais e normativos, assim como sua própria utilidade para a qualificação do tempo histórico. O artigo trata dessas questões a partir da comparação entre as abordagens de Reinhart Koselleck e Jürgen Habermas, que são mobilizadas para se pensar as possibilidades de desenvolvimento do conceito de crise. Argumenta-se que ele deve ser compreendido no escopo de teorias dos processos e mudanças sociais, referindo-se a momentos específicos no tempo em que se conjugam problemas normativos e funcionais, sem que isso implique um pressuposto dualista de percepção do mundo social, sob os critérios de instabilidade e estabilidade. Argumenta-se também que, embora a história dos conceitos afirme a relação entre crítica e crise, é prudente evitar a conflação entre os dois conceitos e situar a crítica como um dos modos possíveis de reflexividade em períodos de crise, o que traria vantagens para uma melhor compreensão das possibilidades da teoria crítica e da crítica social em tempos de crise.***AbstractRecent works in sociology and social sciences show a renewed interest in the concept of crisis, as part of the efforts to understand developmental tendencies in time, usually connected to diagnoses of times. However, the concept of crisis sometimes is not completely clear. Its relation to functional and normative problems remains uncertain, as though its usefulness to qualify historical time. The article addresses these questions from a comparative reading of the works of Reinhart Koselleck and Jürgen Habermas, mobilizing it to think about the concept of crisis. I argue that this concept should be understood in the scope of social change and social processes theories, related to specific moments in time when normative and functional problems are linked, without dualist presupposes of instability and stability. I argue also that although the history of the concept shows the relations between crisis and critique, we should not conflate the concepts. Critique should be situated as one of the possible modes of reflexivity in times of crisis. This should be a vantage point to better understanding the possibilities of critical theory and social critique in these times.

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