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O murmúrio da existência: apontamentos sobre o il y a em Levinas

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O há (il y a), também denominado de “ser em geral”, é um conceito basilar para a filosofia de Emmanuel Levinas, sendo empregado reiteradamente em seus escritos para assinalar o caráter desértico e indeterminado da presença de uma densidade de vazio. Em nenhuma outra obra levinasiana essa noção recebe um tratamento tão exaustivo quanto em Da existência ao existente, muito embora ele não seja de todo claro. Uma dificuldade crucial advém do fato de que Levinas provém em geral um discurso indireto, negativo, sobre o há, em vista da própria natureza dessa noção, refratária a determinações de qualquer natureza. O presente artigo objetiva destacar os traços fundamentais do há nessa obra, o que implica, na medida em que não há um discurso direto sobre ele, investigar os eventos que lhe são correlativos. Considerando que o próprio Levinas se esforça em diferenciar esse conceito do dá-se ou há (es gibt) heideggeriano, a primeira seção do artigo examina a diferença entre essas concepções. Nas seções seguintes, expõe-se o há através dos eventos de neutralização (cansaço, preguiça e esforço), que manifestam o peso desse ser em geral, e de despersonalização (noite, horror e insônia), que colocam em questão a singularidade existencial, em vista da ubiquidade de uma plenitude de ausência, de um há anônimo, de um murmúrio da existência. A investigação encerra ressaltando que o conceito de hipóstase, que se tornaria fundamental para a ética levinasiana, na medida em que conduz à ideia de separação, advém da posição do sujeito sobre o há.

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